Achei muito interessante este texto do site Centro de Referência Educacional,que dá dicas de como fazer um portfólio,seus objetivos e como é avaliado. Vale a pena dar uma conferida.
Fernando Hernández utiliza o portfólio como reconstrução do processo de aprendizagem nos projetos de trabalho.
O portfólio é uma modalidade de avaliação que vem do campo da arte e sua utilização como recurso de avaliação baseia-se na idéia da natureza evolutiva do processo de aprendizagem, onde o acompanhamento e o registro são importantíssimos.
O portfólio oferece aos alunos e professores uma oportunidade para refletir sobre o progresso dos estudantes em sua compreensão da realidade, pois o registro constante dos avanços e das dificuldades encontradas no desenrolar das atividades proporcionará indícios, pistas, para a continuidade do trabalho, indicando o que deve ser mantido, modificado ou complementado. Isso possibilita a introdução de mudanças durante o desenvolvimento do programa de ensino. Permite aos professores aproximar-se do trabalho dos alunos não de uma maneira pontual e isolada como acontece com provas e exames, mas, sim, no contexto do ensino e como uma atividade complexa, baseada em elementos e momentos de aprendizagem que se encontram relacionados.
Para o aluno, a realização do portifólio permite sentir a aprendizagem institucional como algo próprio, pois cada um decide que trabalhos e momentos são representativos de sua trajetória, estabelece relações entre esses exemplos, numa tentativa de dotar de coerência as atividades de ensino, com as finalidades de aprendizagem que cada um e o grupo se tenha proposto.
O professor, por sua vez, procurará observar mais atentamente alguns alunos por dia, anotando os dados que considerar mais relevantes em seu processo de aprendizagem: quer aqueles que indiquem progresso, quer os que forneçam pistas sobre as dificuldades. A equipe do programa Ensinar pra Valer!, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo propõe que o docente organize um caderno no qual registrará observações sobre cada aluno, além de outro no qual guardará suas impressões e reflexões sobre o trabalho com a classe, como num diário.
Assim sendo, o portfólio pode ser definido como um continente de diferentes classes de documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais (pesquisa sobre os temas em questão, na internet, em livros, jornais e revistas), controles de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, etc.). A essas formas de registro podem ser acrescentadas reflexões sobre a própria atividade realizada, registrando a experiência vivida (O que aprendi com essa atividade? Tive dificuldades? Quais? O que me ajudou a resolvê-las?) o que auxilia bastante o aluno a apropriar-se de seu processo de aprendizagem.
O conjunto dos registros realizados durante todo o decorrer do período avaliado propiciará a alunos e professor uma visão geral do processo de aprendizagem vivido, proporcionando evidências do conhecimento que foi sendo construído, das estratégias usadas para aprender e da disposição de quem o elabora para continuar aprendendo.
A finalidade do portfólio é a organização do registro dos trabalhos do aluno na escola durante todo o ano (nos cursos anuais) ou semestre (para os cursos semestrais). Esta forma de documentação permite ao aluno valorizar sua produção e perceber seu progresso, além de constituir-se num subsídio importante para futuras utilizações, seja estudar para concursos e cursos de pós-graduação, seja para consultar constantemente quando assumir a docência.
Ao organizar o portifólio os alunos têm oportunidades freqüentes para folhear e olhar seus trabalhos podendo escrever textos breves sobre o que aprenderam ao final de um período (semana, mês, bimestre). É uma forma de tomar consciência das atividades em que estão envolvidos e dos avanços conquistados. Por outro lado, examinando-os, o docente tem oportunidade de refletir sobre quais tarefas fizeram mais sentido e deram resultados efetivos e quais ficaram confusas e requerem maiores esclarecimentos, retomada ou substituição.
Atenção: O que caracteriza o portfólio como modalidade de avaliação não é o seu formato físico, mas a concepção de ensino e aprendizagem que ele veicula. O que o particulariza é o processo constante de reflexão, de confronto entre as finalidades educativas e as atividades realizadas para atingi-las, para explicar o próprio processo de aprendizagem e os momentos–chave nos quais o estudante superou ou localizou um problema.
Assim, quanto mais envolvidos estiverem na proposta, quanto mais forem capazes de organizar registros pessoais, maior é a possibilidade dos alunos documentarem seu trabalho por meio de portfólios.
Na organização de um portfólio o princípio inicial é que ele esteja inserido em um contexto de avaliação no qual os instrumentos sejam utilizados a fim de que os alunos percebam suas conquistas e avanços, valorizando uma variedade de estilos de aprendizagem e o conhecimento como algo que requer atenção e empenho, além de um processo de investigação e documentação. Já na primeira aula, cada aluno pode documentar suas considerações sobre o encontro; dúvidas, estímulos para pesquisas e atuações despertados naquela aula.
O portfólio deve ser construído com uma periodicidade variável de tempo e de acordo com a proposta desenvolvida, constituindo-se um elemento de comunicação significativa entre aluno e professor, principalmente.
Quando utilizado com crianças pequenas, também possibilita a comunicação entre professor e pais, entre alunos e pais, ao mesmo tempo em que atua como regulação do processo educativo e como instrumento de avaliação eficiente, uma vez que propicia uma análise contínua dos progressos individuais dos alunos. Assim sendo, não pode ser um instrumento de uso esporádico ou para quando houver tempo. Deve constituir-se numa prática sistemática na sala de aula, tanto para o professor, que estará atento às produções de cada aluno, quanto para o aluno que registra em seu portfólio suas idéias, considerações, pesquisas.
Enquanto o caderno é um instrumento no qual o aluno pode registrar todas as informações que recebe, o portifólio é organizado em função do registro das atividades, projetos ou propostas mais significativas à aprendizagem, para cada aluno, bem como suas pesquisas. Nesse sentido trata-se explicitamente de um rico instrumento de individualização do aluno dentro do projeto didático, e, também, de sua avaliação enquanto processo.
Os critérios de organização do professor dizem respeito a uma espécie de roteiro que orienta a ter claras as funções que vê no portfólio para o seu trabalho e para o dos alunos, auxiliando ainda para que os portfólios não sejam simples informações acumuladas, mas, sobretudo, que se constituam em instrumentos de avaliação contínua e integrada ao processo de ensino e aprendizagem, permitindo a percepção de avanços e necessidades de revisão da proposta.
Ao organizar um portifólio que realmente instrumentalize a ação de seu criador, é preciso que:
* Abranja aspectos relevantes do projeto desenvolvido.
* Introduza produções diversas que sejam importantes para o aluno e para a organização de sua aprendizagem.
*Revele o envolvimento do aluno com o processo de aprendizagem.
*Contenha análises pessoais do aluno sobre seus próprios trabalhos.
“ Seja oferecido como um meio para os alunos avaliarem coletivamente o próprio trabalho.
* Permita que o professor perceba o caminhar do ensino e da aprendizagem.
* Possibilite o acompanhamento da proposta, com maiores detalhes, pela comunidade escolar.
Os critérios de avaliação constituem-se naqueles que acompanham a análise e as reflexões de professores e alunos a respeito da aprendizagem revelada através do portfólio. Convém que professores e alunos façam análises avaliativas do portfólio, pois sua observação regular e atenta orienta práticas didáticas, fornecendo ao aluno a possibilidade de perceber-se mais claramente no processo além de trazer elementos que favorecem a comunicação entre professores e alunos e entre os próprios alunos.
Sem empregar registros por demais complexos, para não correr o risco de perder-se neles, é interessante que o professor tenha visão clara dos fundamentos de sua área de conhecimento, daquilo que é nuclear no projeto que desenvolve, dos critérios que norteiam seu trabalho, que serão os auxiliares, os pontos importantes de ação didática e indicadores daquilo que o professor valoriza e pretende ver desenvolvido em seus alunos.
A qualidade da organização de um portifólio sobre alfabetização, nos cursos de Pedagogia, por exemplo, poderá ser evidenciada pelo que se reflete nos tipos de textos, reportagens, dinâmicas e atividades a serem desenvolvidas com alunos alfabetizandos selecionadas, bem como no cuidado com a redação e explicação do material, cujo objetivo maior é subsidiar e, também, facilitar o trabalho do futuro alfabetizador, quando assumir uma sala de aulas.
Cada aluno poderá organizar seu material, de preferência em uma pasta de ferragens, onde anexará:
1- Os assuntos trabalhados em cada aula ou semana, bem como os textos, quando for o caso, com os seus respectivos comentários.
2- Se possível, anexar outros textos relativos ao tema, bem como notícias de jornal, revista ou Internet, além de planos de aula ou atividades que enriqueçam os estudos em questão.
3- O primeiro registro, com a (s) respectiva (s) data (s) será arquivado na pasta, com todos os anexos que cada estudante providenciar.
4- O segundo registro será anexado em seguida. Da mesma forma se agirá com os registros posteriores, de modo que, ao consultar o portfólio, o último registro se apresentará inicialmente. Desta forma, se vai construindo o documento no decorrer do curso, paulatinamente.
A organização de um portifólio de Prática de Ensino e o contexto escolar, por exemplo, pode proporcionar condições de vivenciar esse processo. Nas avaliações do 1º e do 2º bimestres, a pontuação referente a trabalhos será atribuída de acordo com a qualidade dos portifólios apresentados. Tal qualidade se reflete nos tipos de textos, reportagens, dinâmicas e atividades selecionadas, bem como no cuidado com a redação e explicação do material, cujo objetivo maior é subsidiar o trabalho do futuro professor, quando assumir uma sala de aulas.
Cada aluno organizará seu material, utilizando o meio físico de sua preferência ferragens (diversos tipos de pastas, caixas, CDs, DVDs), onde anexará as produções, de acordo com o roteiro registrado no exemplo anterior.
Referências Bibliográficas:
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e Mudança na Educação os projetos de trabalho; tradução: Jussara Haubert Rodrigues - Porto Alegre: ArtMed, 1998.)
Material elaborado pelo Centro de Pesquisas para Educação e Cultura – CENPEC –Coordenação Geral : Marta Walak Grosbaum – Governador do Estado de São Paulo: Geraldo Alckmin - Secretaria de Estado da Educação – São Paulo – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Ensinar pra valer! 1 – Classes de Aceleração
Joana Maria R. Di Santo- Mestre em Educação, Psicopedagoga, Pedagoga
4 comentários:
Olá Inês,
Achei muito interessante este artigo e resolvi visitar o site também.Já acrescentei aos meus favoritos e também adicionei o blog do mesmo nome. Comprei o livro do Fernando Hernandez e estou aproveitando muito com este autor. Ótima dica.
Beijos
Neusa
Olá Inês!
Muito interessante este material que trouxestes sobre portfóilios de aprendizagens. Ele descreve que entre outros objetivos ele proporciona "um processo constante de reflexão sobre o processo de ensino de aprendizagem", e este é sem dúvida um tomada de consciência muito importante para avaliar as caminhadas enquantos alunas e também revendo nossa prática docente.
Acho importante recomendar a visita do teu blog para tuas colegas.
Abraços, Vanessa
Olá, Inês!
Obrigada por compartilhar este material conosco!
Segundo o autor, a construção dos portifólios possibilita "explicar o próprio processo de aprendizagem e os momentos–chave nos quais o estudante superou ou localizou um problema". Diante disso é importante que nos preocupemos em registrar nossa caminhada, pois depois que as aprendizagens estão consolidadas fica mais difícil lembrar o que pensávamos antes, Um exemplo disso é que não conseguimos lembrar como era não saber ler e escrever. Como sugestão deixo algumas questões para te ajudar a pensar no teu processo: Por que consideras este texto interessante e que contribuições ele trouxe para ti? Como você está vendo e sentindo a proposta de construção do teu portifólio? Estás conseguindo identificar tuas aprendizagens?
Abraços, Cátia
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